Descrição enviada pela equipe de projeto. O Edifício Goya foi o primeiro empreendimento imobiliário do BEarq, trabalhado em parceria com os escritórios BUDA e DOSarq, onde além do desenvolvimento técnico do projeto, foi projetada uma estrutura sustentável para o empreendimento; esta condição comercial exige responder a um usuário anônimo familiarizado com uma arquitetura local eclética, fruto da importação acumulada de estilos estrangeiros antiquados, naturalizados de alguma forma com a justaposição de volumes na modesta arquitetura tradicional lojana, representada principalmente pela casa pátio colonial, tipologia que logo se tornaria a referência imediata do projeto, reivindicando para nós três recursos: O volume como materialização da memória, o pátio como articulador do espaço e a honestidade do material.
O projeto está localizado na cordilheira oriental de Loja, em um bairro residencial de baixa densidade populacional; o terreno com declive negativo próximo de 40% favorece a insolação e as vistas a poente, ao mesmo tempo que sugere uma obra volumétrica capaz de absorver a inclinação natural. Duas torres são projetadas com alturas que respondem à topografia, esses dois blocos geram um vazio central onde foi colocada a circulação vertical e que constitui o organizador do espaço público; anexos a ela, os espaços comuns se ramificam entre os diferentes níveis do edifício, construindo novos vazios para o encontro público, uma releitura conceitual do pátio; já no espaço privado, as áreas úmidas agrupam-se anexas ao espaço público e paralelas ao único eixo de circulação, deslocando os espaços habitacionais para o perímetro Leste-Oeste.
O edifício devia constituir uma espécie de homenagem à obra do pintor espanhol Francisco de Goya, para a qual se propõe uma (re) leitura das Majas no mural da entrada do condomínio, um recurso preliminar ao claro-escuro conseguidos nas componentes formais do edifício, onde procuramos conseguir contrastes válidos que realcem os volumes; dois paralelepípedos únicos de tijolo regular, rematados com a tradicional cobertura de duas águas, e se apoiam sobre um embasamento que, igual aos vazios da fachada, foi trabalhado em preto; a proporção mais adequada é estudada para atingir uma escala humana ao edifício, necessária para acompanhar a memória que o volume pretende.
O projeto respeita a honestidade do material, a estrutura metálica foi pré-modulada em oficinas e montada nas bases de concreto armado trabalhadas no local; o sistema de alvenaria perimetral é resolvido com tijolos cerâmicos de pedreiras próximas à cidade, Malacatos, Catamayo e Susudel, dispostos de acordo com a compatibilidade do revestimento com cada argila; finalmente a paisagem se tornará o principal material do projeto, usando a arquitetura como marco e ajustando as perspectivas à escala do observador.